sábado, 14 de maio de 2011

Comidinhas

          Espero que vocês não me venham com essas mentes sujas de novo. Vou falar de comida mesmo, comida de motel. Os mais "antigos" já devem ter reparado na evolução das opções dos cardápios dos motéis ao longo dos anos. Há 30 anos, quando tinha alguma coisa para comer, era um sanduiche e olhe lá. Bebida, tinha que pedir, pois frigobar era um item raro. Se vocês leram meu último post, se quarto com banheiro era um luxo, imaginem serviço de bar e restaurante.
          Pois bem, os motéis então começaram a evoluir, e hoje a maioria oferece opções variadissimas, em qualidade e quantidade. Mas aí também começam os problemas. Como oferecer refeições de qualidade, se o número de clientes que pedem comida é apenas uma pequena parte dos que frequentam o motel?
         Não me refiro ao tão propagado "almoço executivo", pois é claro que nesse horário a maioria pede comida, obviamente. E, em geral, as opções são simples e rápidas, o que não compromete a qualidade da refeição. Agora, fora isso, tem motéis que realmente exageram nas opções: pratos de camarão e lagosta, peixes amazônicos, carnes de caça, coisas que ficam 365 dias no cardápio direto e que é impossível manter o frescor sempre. Claro que há casos em que a administração é bem feita, e o cardápio muda constantemente para adaptar a sazonalidade dos alimentos. Mas são poucos, infelizmente.
           Bom, após esta breve divagação, vou citar algumas coisas que realmente irritam os moteleiros: 
          Primeiro, o cara (moteleiro) prepara o cardápio com o maior carinho, compra os itens com todo o capricho, treina o pessoal da cozinha e o serviço, faz propaganda, e o primeiro FELA DA PUTA que pede o prato fala: "-Dá pra trocar o petit pois por champignon???" ou então "-Dá pra tirar a alface do enfeite e mandar uma porçãozinha de farofa??". Eu sei que o cliente tem sempre razão, e nas casas que administro  oriento os funcionários a não questionar estas coisas, mas que dá uma raiva, ah isso dá....
        Segundo, ainda tem o sujeito que liga pra telefonista e pede: "-Você pode mandar pra mim dois pratos, duas facas, dois garfos, duas colheres, etc???"  Ou seja, o desgraçado trouxe o frango e a farofa de casa e ainda utiliza o serviço do motel. E ainda reclama: "-Não tem azeite não? Mas é azeite mesmo???". E pode ter certeza: vai embora sem consumir uma água mineral sequer, deve ter bebido água da bica. Ou então dexou um Tobi vazio pra trás...
        Há pratos que marcaram história em alguns motéis. Logo quando comecei no motel, há mais ou menos dezoito anos atrás, os funcionários de um motel na época top de linha no Rio criaram uma expressão para o "Camarão à Paulista com Arroz a Grega":  "Ô João! Sai um PRATO DE PUTA aí!!!" .  E se junto pediam um vinho rosé, aí eles tinham certeza mesmo. Naquela época, o exagero era a tônica nas cozinhas de motel. A primeira vez que vi um Churrasco Misto saindo pro cliente, perguntei se era para uma suruba, tamanha a quantidade e variedade das guarnições e carnes.
         Linguiça a metro, fondue de carne (empesteia tudo), sorvete frito, javali, feijoada, mocotó, já vi de tudo nesse ramo. Uma coisa que me divertia era a originalidade de alguns cozinheiros na confecção de enfeites para os pratos. Alguns, pra mostrar serviço, inventavam esculturas em vegetais para os enfeites, e tinha sempre que prestar atenção para as "liberdades artísticas" dos desgraçados. A única exceção era um cliente "vegetariano" que era muito assíduo na época: Invariavelmente pedia ou uma cenoura ou um pepino, mas inteiro e graúdo. Para esse, eu autorizei a tal "liberdade artística" e eles caprichavam na cabeça do bicho. Isso é que é atendimento personalizado!!!!
          Fidelização do cliente, pessoal.
          Por hoje é só. Até o próximo post.

          

Um comentário:

  1. Olá, vi seu blog no site Guia de Motéis e achei seus textos - histórias muito bons! Parabéns! Eu moro no Rio (Niterói) e gostaria de saber a localização!
    Sucesso!
    Mariana

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